Stafin & Carvalho

A reforma tributária em andamento traz uma das mudanças mais significativas para a rotina das empresas: a adoção do split payment — ou pagamento fracionado. Esse mecanismo altera a forma como os tributos sobre consumo serão recolhidos, criando desafios imediatos de adaptação, mas também prometendo maior eficiência e transparência no sistema.

O que muda com o split payment

No modelo atual, as empresas recebem o valor integral das vendas e, posteriormente, recolhem os tributos devidos. Com o split payment, essa lógica se transforma: no momento do pagamento da operação, a parte correspondente aos impostos será automaticamente direcionada ao fisco, enquanto apenas o valor líquido seguirá para o fornecedor.

Isso significa que a empresa deixa de ser responsável pelo repasse manual dos tributos, mas, em contrapartida, perde parte da flexibilidade sobre o uso temporário desses recursos.

Impactos financeiros

O principal efeito imediato será sobre o fluxo de caixa. Como os tributos passam a ser retidos na origem, os valores disponíveis para capital de giro diminuem. Essa alteração exige um planejamento mais rigoroso das finanças, sobretudo em setores de margens estreitas ou que dependem de liquidez para sustentar operações diárias.

Outro ponto sensível está na formação de preços. As empresas precisarão recalcular margens, repensar estratégias comerciais e, em muitos casos, renegociar contratos, de modo a absorver o impacto do novo modelo sem comprometer sua competitividade.

Impactos operacionais

A mudança também demanda forte adequação interna. Processos contábeis e fiscais terão de ser redesenhados, sistemas de gestão atualizados e equipes treinadas para lidar com a nova dinâmica de retenção automática.

Além disso, os contratos comerciais precisarão ser revistos, prevendo cláusulas específicas sobre a responsabilidade tributária e os efeitos da retenção no momento do pagamento. A falta de atualização contratual pode gerar conflitos entre fornecedores e clientes.

Conclusão

O split payment representa uma verdadeira mudança de paradigma. Se, por um lado, aumenta a eficiência da arrecadação e reduz a inadimplência tributária, por outro impõe às empresas a necessidade de reorganizar processos, rever estratégias financeiras e investir em tecnologia.

Aqueles que se prepararem desde já terão mais segurança para enfrentar os impactos da reforma e poderão transformar esse desafio em oportunidade de aprimoramento da gestão.

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