Stafin & Carvalho

O pedido de demissão é um ato unilateral por meio do qual o empregado manifesta sua vontade de rescindir o contrato de trabalho com o empregador. Esse processo tem implicações significativas tanto para o trabalhador quanto para a empresa, e há uma série de aspectos legais a serem considerados.

 

Aviso prévio

 

Um dos principais aspectos legais relacionados ao pedido de demissão envolve o cumprimento do aviso prévio. Geralmente, o empregado deve comunicar sua intenção de deixar o emprego com antecedência, conforme estipulado pela legislação trabalhista ou pelo contrato de trabalho, a princípio deve conter 30 (trinta) dias.

 

Caso o trabalhador não cumpra esse prazo, pode estar sujeito a descontos proporcionais em suas verbas rescisórias, pois esse prazo serve para que o empregador possa se organizar e encontrar um substituto para realizar o trabalho. Entretanto, a empresa tem a opção de, por sua própria escolha, isentar o empregado do cumprimento desse prazo, sem prejudicar o pagamento das verbas rescisórias referentes aos dias efetivamente trabalhados.

 

Um ponto de extrema relevância reside no fato de que, quando ocorre o pedido de demissão por parte do empregado, não se concede o direito à diminuição de 2 horas na jornada de trabalho durante o aviso prévio, tampouco há a possibilidade de ausência nos últimos 7 dias consecutivos desse período de notificação.

 

Além disso, é essencial observar as condições estabelecidas no contrato de trabalho, pois algumas empresas incluem cláusulas específicas sobre o procedimento de demissão. Violações dessas cláusulas podem acarretar penalidades contratuais, destacando a importância de uma leitura cuidadosa e compreensão do documento.

 

Verbas rescisórias

 

Outra implicação relevante está relacionada aos direitos do empregado no momento da demissão. Mesmo ao pedir demissão, o trabalhador tem direito a receber as verbas rescisórias, como férias proporcionais, 13º salário proporcional, saldo de salário e, se aplicável, o saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). É fundamental que esses direitos sejam assegurados, e qualquer irregularidade pode resultar em reclamações trabalhistas.

 

Por contrapartida, a multa de 40% do FGTS não será recebida e o direito ao seguro-desemprego não estará contemplado, a menos que consiga comprovar situações específicas, como assédio moral ou falta de pagamento de salários.

O pagamento das verbas rescisórias pela empresa deve ser realizado no prazo máximo de 10 dias após a conclusão do contrato. Importa salientar que a ausência de quitação das verbas no período estipulado por lei acarreta a aplicação da multa prevista no artigo 477, §8º, da CLT, correspondente a um salário do empregado, a menos que seja comprovado que o próprio trabalhador foi responsável pelo atraso.

 

Exame demissional

Da mesma forma que ocorre na demissão por iniciativa do empregador, o empregado precisa se submeter ao exame demissional ao solicitar sua demissão. Contudo, em contraste com a demissão sem justa causa por iniciativa do empregador, na qual o contrato não pode ser rescindido até que o empregado seja considerado apto no exame demissional, na demissão motivada pelo empregado, este tem a opção de escolher o momento da realização do exame.

Esta disposição está contemplada no artigo 13, VII, da Instrução Normativa do MTE nº 03/2002, que estabeleceu como impedimento à demissão a condição de inaptidão no exame demissional apenas quando a iniciativa partir do empregador.

 

Anotação da CTPS

Outro ponto crucial é a anotação da demissão na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) do empregado. O empregador deve proceder corretamente com a baixa na carteira, indicando a data de saída e as verbas rescisórias pagas. Falhas nesse processo podem gerar problemas para ambas as partes no futuro, especialmente em caso de disputas judiciais.

 

Desistir da demissão durante o aviso prévio

 

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) contempla a opção de revogação do pedido de demissão, possibilitando o retorno ao emprego mediante a concordância do empregador. Nesse contexto, é de responsabilidade do empregador decidir se deseja readmitir o trabalhador

Cabe destacar que as implicações no pedido de demissão e seus aspectos legais podem variar de acordo com a legislação, convenções coletivas e acordos individuais. Portanto, é fundamental buscar orientação jurídica para garantir que todos os procedimentos estejam em conformidade com a lei vigente, tanto para o empregado quanto para o empregador.

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