
A proposta de simplificação tributária defendida pela Reforma Tributária pode esconder um efeito colateral preocupante: o Simples Nacional — regime que hoje abriga mais de 18 milhões de empresas no Brasil — pode deixar de ser a opção mais vantajosa para micro e pequenos negócios.
Segundo análises técnicas da plataforma Revizia, especializada em gestão tributária e compliance fiscal, o novo modelo de arrecadação pode transformar o Simples em um regime mais oneroso e mais complexo do que o Lucro Real ou Lucro Presumido, contrariando sua função original de porta de entrada para pequenos empreendedores.
📉 O que dizem os dados
Com base em uma amostra de 164 empresas dos setores de comércio e serviços, as simulações consideraram alíquotas estimadas de:
-
IBS: 18%
-
CBS: 9,25%
-
Encargos sociais: 27,5%
A principal mudança é o fim da guia única do DAS para algumas empresas, que passarão a recolher IBS e CBS separadamente. Isso eleva a carga e aumenta as exigências operacionais.
Embora o modelo híbrido (uma alternativa de migração) tenha se mostrado mais vantajoso na média — com carga 21,6% menor que o Lucro Real e 17,6% menor que o Lucro Presumido — há exceções importantes. Em 13 empresas da amostra, o Lucro Real foi mais barato. Em outras 17, o Presumido foi mais eficiente.
Isso mostra que não há solução padrão: cada negócio precisará fazer simulações com seus próprios dados fiscais para tomar a decisão certa.
⚠️ As ameaças ocultas para quem continua no Simples
Além do possível aumento da carga tributária, especialistas alertam para outras armadilhas:
1. Exigência de controle fiscal complexo
Micro e pequenas empresas, que muitas vezes contam com estrutura contábil enxuta e pouco suporte técnico, terão que adotar controle rigoroso de créditos e débitos fiscais — algo que antes era comum apenas a grandes empresas.
2. Impacto direto no fluxo de caixa
A antecipação de tributos e a separação do pagamento de IBS/CBS fora do DAS afetam diretamente empresas que já operam com margens apertadas. O risco de colapso financeiro, especialmente para quem depende de antecipação de recebíveis, é real.
3. Perda de atratividade no B2B
Empresas do Simples não geram créditos para seus clientes, o que pode torná-las menos atrativas em cadeias de fornecimento — principalmente no mercado B2B. Isso reduz competitividade, margens e, em alguns casos, mercado.
🧠 O maior risco hoje: falta de informação
Apesar do impacto potencial, o Simples Nacional recebeu pouca atenção nas discussões públicas sobre a regulamentação da Reforma. O foco tem sido em rastreabilidade, arrecadação e controle — e não nas limitações operacionais de micro e pequenos empreendedores.
Empresários mal informados podem ser pegos de surpresa por uma realidade que não entenderam, com aumento de tributos, queda de lucro e exposição a autuações.
✅ O que as empresas devem fazer agora
A recomendação é clara: agir antes da obrigatoriedade da transição. Isso envolve:
-
Simular cenários reais com apoio técnico
-
Revisar o regime tributário ideal com base nos dados da empresa
-
Adaptar sistemas de gestão fiscal e contábil
-
Buscar informação qualificada e assessoria especializada
Ferramentas como a plataforma Revizia já permitem rodar simulações completas com base nos dados reais da empresa, comparando o impacto do Simples, Lucro Real e Lucro Presumido. Essa análise é essencial para evitar decisões precipitadas e prejuízos desnecessários.
🚨 Conclusão: o Simples pode não ser mais tão simples
A Reforma Tributária marca uma transição profunda no sistema fiscal brasileiro. Mas, para milhões de empresas, ela também representa o risco de perda de competitividade, margem e até de sobrevivência.
O maior perigo? Achar que nada vai mudar.
Se você atende empresas do Simples ou é empresário nesse regime, o momento de se antecipar é agora.
contato@stafin.adv.br